sexta-feira, 21 de outubro de 2016

ALIMENTOS NATURAIS ANTI-INFLAMATÓRIOS

A Naturopatia já vem a muito tempo indicando a alimentação anti-inflamatória. Entendemos que Alimentação anti-inflamatória está associada a um menor risco de doenças e que cada vez mais os alimentos contribuem na saúde do ser humano, e na forma como o nosso corpo se comporta quando submetido a agressores diversos, como vírus, bactérias, fungos, fadiga, stress, agentes químicos e muitos outros perigos, visíveis ou invisíveis. Nada mais natural que encarar o cardápio diário como fonte de defesa do organismo, procurando aumentar a resistência e habilidade das nossas células, trilhões delas, e ajudar o nosso sistema imune na árdua tarefa de manter o corpo saudável.


 Inflamação e comida

Inflamação é uma resposta do sistema imunológico a uma irritação local, uma lesão ou infecção, com liberação de histamina, e os sinais clássicos são inchaço, vermelhidão e dor. As pesquisas tem mostrado que comer as comidas erradas também produz inflamação no nosso corpo, com sintomas menos óbvios, menos aparentes, mas que vão se refletir no estado geral, na performance (desempenho) físico e mental. Se você estiver em estado inflamatório, vai levar mais tempo para se recuperar de doenças, vai sofrer mais lesões, vai sentir mais cansaço. Por isso, é muito importante prestar atenção no que se coloca no prato e na boca.

Combustível do corpo

O alimento é o combustível do corpo. Se este combustível não tem qualidade isto vai se refletir no funcionamento do organismo como um todo. O processo inflamatório natural que ocorre no dia a dia, após um evento estressante ou após uma carga intensa de atividade física ou mesmo mental, pode ser agravado por dietas ricas em carboidratos refinados e gorduras trans. A boa noticia é que a comida certa faz toda a diferença na sua vida. Ingerir alimentos anti-inflamatórios com regularidade reduz a inflamação, e ajuda a equilibrar o metabolismo. A diferença é notável em curto prazo, além de ajudar a manter o peso sob controle.

 Conhecendo os vilões

Alimentos pró-inflamatórios causam uma alteração no equilíbrio do metabolismo, aumentam a dor e a liberação de substâncias inflamatórias, como as prostaglandinas, leucotrienos, ciclooxigenases e tromboxanos, que retardam a recuperação do corpo, podendo até levar a um processo inflamatório crônico. Este estado inflamatório pode ser medido através de um exame de sangue, a dosagem de proteína C reativa (PCR), um marcador usado para monitorar a evolução e gravidade de doenças cardiovasculares, doenças osteoarticulares, diabetes e obesidade, todas intrinsecamente relacionadas com a inflamação crônica.
 Se entupir de comida processada, carnes gordurosas e frituras, açúcar e doces, fast food tipo hambúrguer, batata frita e refrigerante, só vai contribuir para aumentar o problema. Estas comidas estão recheadas com calorias vazias, gorduras do tipo trans e aditivos, como nitritos e monoglutamato de sódio, que acendem um sinal vermelho nos órgãos e sistemas do corpo, e o resultado é o aumento dos processos inflamatórios, obesidade e doenças crônicas, como diabetes e hipertensão arterial.

 Alimentos naturais que evitam a inflamação

Os alimentos e bebidas que ajudam o corpo a se manter livre de inflamações estão distribuídos em todos os grupos alimentares, incluindo proteínas, carboidratos e gorduras. No reino vegetal temos diversas especiarias e condimentos que são um verdadeiro arsenal anti-inflamatório. Dentre as bebidas, sucos frescos e chás herbais cumprem este papel.

Óleos e gorduras

Existe uma tendência a se temer os lipídios em suas diversas formas. Grave erro. As gorduras são fonte de vitaminas antioxidantes e ácidos graxos essenciais, com uma forte ação anti-inflamatória. O importante é escolher a gordura certa. 

Neste grupo se incluem os peixes gordos (salmão, anchova, sardinha, cavala, atum), o azeite e óleo de coco, sementes e nozes (linhaça, gergelim, girassol, amêndoas, castanhas, nozes), e frutas oleaginosas (abacate, açaí, cacau, coco). Então, existem gorduras do bem e gorduras do mal. Vamos definir cada tipo para ficar mais claro.
Gordura mono-insaturada (omega- 9) – presente no azeite de oliva e sementes oleaginosas. É benéfica porque desinflama, reduz o LDL (colesterol ruim) e aumenta o HDL (colesterol bom).
 Gordura poli-insaturada (ômegas 3 e 6) – é encontrada nos ovos, na semente de linhaça e nos peixes de água fria (omega-3); sementes oleaginosas como castanhas, amêndoas e nozes (omega-6). Atua na saúde do aparelho cardiovascular (redução do LDL, aumento do HDL), na função cerebral e tem ação anti-inflamatória global.

Gordura saturada – encontrada principalmente na gordura animal (carnes gordurosas, leite, manteiga), em alguns óleos vegetais (como o de dendê e manteiga de cacau). A gordura saturada de origem animal contribui para a inflamação por conter ácido araquidônico. Já a gordura presente no coco e dendê é extremamente benéfica, anti-inflamatória, reduz as taxas lipídicas e ajuda a acelerar o metabolismo.
Gordura trans-saturada – a grande vilã, não existe na forma natural, é uma gordura produzida por modificação química nos óleos vegetais, por isso suas principais fontes são os óleos vegetais aquecidos a altas temperaturas, a margarina, e os alimentos preparados com óleos e margarina, como biscoitos, salgadinhos e frituras em geral. Altamente pró-inflamatória, aumenta o LDL e reduz o HDL, além de acelerar a produção de radicais livres.

 Proteínas

As proteínas de origem animal, como carne, peixe, frango, ovo e laticínios, são consideradas de alto valor biológico porque são mais biodisponíveis que as proteínas de origem vegetal, presentes nas leguminosas e alguns cereais. Isto significa que o seu corpo absorve e metaboliza este tipo de proteína com mais facilidade e eficiência. Elas ajudam a construir músculos e evitam a perda muscular, atuam na reparação celular, fornecem aminoácidos essenciais, e são matéria prima para a produção de enzimas com ação anti-inflamatória, como tripsina, quimiotripsina e alfa-amilase.

 Carne vermelha em excesso deve ser evitada porque ela é rica em ácido araquidônico, uma gordura que desencadeia processos inflamatórios, mas isso não significa que ela deva ser abolida do cardápio anti-inflamório, pois também fornece CLA (ácido linoleico conjugado) e creatina (aminoácido), dois elementos essenciais na construção e reparação muscular. 
O CLA também tem ação anti-inflamatória reconhecida em diversos estudos. Um deles, publicado em 2007 no The American Journal of Physiology por Daniel E. Butz e colaboradores, mostrou o seu papel positivo na artrite reumatóide, um processo inflamatório crônico.

 Carboidratos e fibras

A maior parte dos carbos deve vir de grãos integrais, vegetais e frutas. Além de fornecer a energia necessária para o funcionamento do corpo e para a recuperação muscular, este grupo é rico em fibra alimentar, um excelente anti-inflamatório.
Faça opção por arroz, pão e massa integral. Leguminosas são bem-vindas (feijões, lentilha, ervilha, grão de bico). As verduras e hortaliças devem ser frescas, e consumidas cruas ou pouco cozidas.

 São deliciosas e recheadas com fitonutrientes e antioxidantes anti-inflamatórios. Procure variar ao máximo, coloque diversas cores no seu prato, folhas e legumes verdes, laranja, amarelos e vermelhos.
 Neste grupo devemos dar um destaque especial para as “berries” – os pequenos frutinhos de cor vermelho-arroxeada (morango, cereja, amora, framboesa, açaí, jabuticaba, groselha, mirtilo) – nota dez no quesito anti-inflamação.

Bebidas saudáveis

Não se pode esquecer que uma boa hidratação é fundamental para o funcionamento orgânico, e também para ajudar a prevenir lesões em músculos, tendões e ligamentos, então a água entra como um item indispensável. Um consumo médio diário de dois litros facilita o trabalho do fígado, rins, coração e intestinos. Uma boa hidratação é crucial para os praticantes de qualquer atividade física, com ênfase para os corredores. Uma desidratação de apenas 2% reduz significativamente a performance atlética, podendo levar à fadiga, tonteira, dor de cabeça e aumento da ocorrência de lesões musculares.
 Além da água, chás herbais, água de coco, e sucos de frutas e hortaliças são uma excelente forma de se hidratar e potencializar uma ação anti-inflamatória no corpo.

 Os mais cotados na anti-inflamação

Hortaliças – alho, alho-poro, azeitona, acelga, agrião, aipo, batata doce, batata yacon, brócolis, broto de alfafa, broto de feijão, cebola, cebolinha verde, cenoura, couve, couve-flor, couve chinesa, couve de bruxelas, cogumelo, espinafre, funcho, nabiça, pepino, pimentão verde, vermelho ou amarelo, rabanete, repolho, tomate, vagem.

Frutas – abacate, abacaxi, acerola, açaí, amora, cereja, coco, framboesa, goiaba, groselha, jabuticaba, kiwi, laranja, limão, lima, maçã, mamão, maracujá, mirtilo, morango, nectarina, pêra, pêssego, romã, ruibarbo, tangerina, uva.
Peixes e frutos do mar – anchova, atum, arenque, bacalhau, cavala, linguado, marisco, ostra, salmão, sardinha, truta.
Condimentos e especiarias – açafrão, alecrim, anis, basilicão, cacau, canela, cravo, coentro, cúrcuma, gengibre, hortelã, menta, orégano, pimenta, salsa, tomilho, vinagre de maçã.
Nozes e sementes – amêndoa, avelã, castanha do para, castanha de caju, girassol, gergelim, linhaça, noz, amendoim.
Óleos – azeite extravirgem, óleo de coco, óleo de palma.
Bebidas – camelia sinensis (chá verde, chá preto, chá branco, chá vermelho), chá de camomila, chá de erva-doce, chá de erva cidreira, chá de hortelã, chá de boldo, chá de carqueja, chá mate, água de coco.

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