Algumas Informações Importantes Sobre o Ômega 3
“Comprei meu ômega com vocês e estou
apavorada. Fiz o teste do isopor e derreteu. Imagina o que não faz com meu
estômago”
O
famoso teste do ômega no isopor… Se você dispensa ômega na farmácia e ainda não
precisou resolver esse tipo de reclamação ou questionamento considere-se uma
pessoa de sorte. É mais comum do que você imagina. Os pacientes cortam o
invólucro das cápsulas de ômega e colocam o óleo dentro de um copo de isopor. A
reação é linda! Em pouco tempo rompe-se o fundo do copo de isopor. Só que o
mais engraçado de tudo isso é que você pode se deparar com dois tipos de
pacientes:
1)
aqueles que querem que o ômega derreta o isopor acreditando que isso é sinônimo
de qualidade e que o suplemento vai entrar na corrente sanguínea fazendo a
mesma coisa: corroendo a gordura depositada, limpando e “desentupindo” tudo.
Fazendo uma analogia, querem que o ômega funcione igual uma soda cáustica no
encanamento.
2)
aqueles que não querem que o ômega derreta o isopor pois imaginam que ao
ingerir, o ômega irá fazer a mesma coisa por todo trato gastrointestinal.
Nem
uma coisa e nem outra. Continue lendo essa matéria que vamos descascar esse
abacaxi com você.
Por que o óleo de peixe (ômega 3) derrete
o isopor?
Disponível
hoje para consumo; é possível encontrar o óleo de peixe em duas formas: éster etílico (EE) e triglicerídeos (TG). O EE é a forma que
dissolve o isopor simplesmente porque sua polaridade é semelhante ao isopor.
Lembra do princípio da solubilidade que “semelhante dissolve semelhante”? Pois
então…. é por isso que a água (polar) não solubiliza no óleo (apolar), o sal
(polar) dissolve na água (polar), e também, é por isso que o óleo (apolar)
dissolve o isopor (apolar).
A
polaridade pode variar em força. As moléculas podem ser muito polares,
ligeiramente polares, ligeiramente apolares, muito apolares ou qualquer ponto
intermediário. Todo óleo de peixe é apolar. Mas alguns são mais apolares do que
outros.
O
óleo de peixe na forma de EE é muito apolar. Na forma de TG, é muito menos
apolar. Quanto mais apolar for o óleo de peixe, mais rápido ele dissolverá
outras substâncias apolares, como o isopor.
O efeito visto no copo ocorrerá dentro
do corpo?
Como
mencionado, tem pessoas que esperam que ao ingerir as cápsulas de ômega aquele
efeito de “corrosão” do óleo de peixe no isopor aconteça dentro dos vasos. Ou,
imaginam que ao tomar ocorrerão danos no trato gastrointestinal. De maneira
nenhuma isso poderá acontecer, simplesmente porque as paredes da nossa boca,
esôfago, estomago, intestino e veias não têm a mesma composição química do
isopor.
Qual é melhor: EE ou TG?
De
maneira geral tanto a forma EE quanto a forma TG são bem absorvidas e usadas
pelo corpo com objetivo fornecer ácidos graxos ômega-3 (EPA e DHA) para
promover uma série de benefícios a saúde.
No
entanto há alguns resultados de estudos humanos comparando a absorção de ácidos
graxos ômega-3 em TG vs. EE um tanto conflitantes: vários estudos não mostram
diferença na absorção, enquanto outros sugerem que a absorção de EE pode ser
menor. As diferenças nos materiais de teste, assuntos, análises e duração
tornam as comparações difíceis. Em geral, os estudos que encontraram taxas de
absorção mais baixas para EE tendem a ser de curta duração (8-12 horas) e
forneceram ômega-3 em uma grande dose única. Em estudos onde a suplementação de
ômega-3 durou várias semanas ou mais, geralmente não houve diferenças
significativas na absorção.
Um
estudo de curto prazo relatou que a biodisponibilidade foi maior para a forma
TG versus a forma EE. No entanto, deve-se notar que essas conclusões foram
baseadas em um estudo de prazo relativamente curto (2 semanas) com uma dose
fixa de aproximadamente 3,5 g de EPA + DHA diariamente. Em contraste, um estudo
de longo prazo publicado em 2016, não encontrou nenhuma diferença significativa
na biodisponibilidade com formas de TG versus EE em um período de 3 meses.
Um
ponto importante a considerar quando se olha para a biodisponibilidade de curto
prazo é que a eficácia do ômega-3 EE em parâmetros objetivos de saúde, como a
redução de triglicerídeos sanguíneos elevados, começa cerca de 1 mês após o
início da suplementação, com eficácia máxima observada em cerca de 2-3 meses.
Assim, quaisquer diferenças de curto prazo na absorção, metabolismo e
biodisponibilidade geral não têm um impacto clínico significativo visto que a
maioria das pessoas que toma suplementos de óleo de peixe o faz a longo prazo,
e não apenas por um curto período de tempo.
Por
que haveria uma diferença entre os resultados de estudos de curto e longo prazo
em relação à EE?
O
processo de hidrólise do EE parece ser mais lento do que a ação da lipase
pancreática sobre os TGs, o que explicaria o aumento tardio dos níveis
plasmáticos ou teciduais observado em alguns estudos em humanos.
Os
ômega-3 na forma TG são influenciados pela enzima lipase pancreática no
intestino, enquanto a forma EE é hidrolisada (o ácido graxo separado de seu
etil carreador) apenas quando absorvido pelas células endoteliais do revestimento
intestinal.
Qual ômega escolher?
A
capacidade do ômega em dissolver o isopor não deve ser levada como um parâmetro
de escolha. Tanto a forma EE como a TG são muito seguras e aprovada pelas
agências reguladoras. Os fatores determinantes para escolha devem ser a pureza
do produto e sua concentração de DHA e EPA.
.Bibliografia consultada:
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